sábado, 29 de janeiro de 2011

Nem Tudo.



Às vezes nem tudo pode ser dito, parece que as palavras não cabem aos sentidos, são coisas novas e as palavras são velhas.
Às vezes nem tudo pode ser ouvido, é como se os corações não batessem e no silêncio reinassem todos os sons necessários, é mais do que paz é quase esquecimento.
Às vezes nem tudo pode ser visto por mais aberto que estejam os olhos, e a escuridão impera mesmo na luz.
Às vezes nem tudo pode ser tocado, esticamos nossas mãos sedentas com dedos ávidos, cerramos nossos punhos no vazio e sentimos a dor de uma verdadeira perda.
Às vezes nem tudo pode ser cheirado, emoções não tem odor para humanos, o olfato desconhece amor ou ódio.
Às vezes nem tudo pode ser vivido, o tempo sempre acaba antes de nós e o sono vem, deixando para trás portas fechadas e janelas abertas esperando indefinidamente o saltador.
Às vezes nem tudo pode ser chorado, temos de permanecer desgraçadamente fortes no vendaval e não dobrar, mesmo que a mais leve brisa nos quebre.
Às vezes nem tudo pode ser amado; famílias, raças, religiões e outros vínculos ilusórios comandam nossos desejos e nossas vidas; distâncias são impostas, abismos são cavados e dias sobrepõem-se ao amor.
Mas sempre é valido tudo o que passamos, sempre é válida a vida,
Toda vida, existem os sonhos e os prazeres e a incompletude
Gera o desejo.
Nada é pior do que a eternidade perfeita,
Viva e deixe viver.

Danilo Otoch.

Dedicada a Monica Pieleski.

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